Empadinhas da vovó...


Estou decidindo que tipo de velhinha pretendo ser.Eu adoro velhinhos.Eles com suas manias e seus olhares cheios de vivência.A maioria com sua resistência a coisas novas.Outros com o olhar visionário e acreditando que ainda há muito tempo pra viver e aproveitam a vida de verdade.Adoro quando sabem mexer com computador e quando fazem buscas no Google.Adoro os calados e mais ainda os tagarelas que não tem vergonha de falar de suas histórias mesmo não nos conhecendo.E adoro os vaidosos,que estão sempre com um perfume cheiroso e um belo lenço ao pescoço.Pretendo ser uma velhinha assim : com lenço no pescoço e eternos colares de pérolas.Serei daquelas velhinhas que usam tricot Lacoste,cabelos arrumados e sem papas na língua.E cheirosa também.Quero ter o privilégio de ter filhos e nunca precisar dizer as pessoas que meus filhos são lindos e muito ocupados para me ver...Ouço isso o tempo inteiro dos velhinhos que conheço.E fico tão triste.Tive apenas uma vó.Na minha infância pude aproveitar pouco sua companhia,passava 2 vezes ao ano as férias escolares com ela já que morávamos em cidades diferentes.E tem uma imagem que nunca saí de minha cabeça : ela fazendo empadinhas.Eu sentava junto dela e ficava observando-a rechear as empadinhas.E minha vó colocava uma azeitona na empada e dava outra pra mim,pois sabia que eu adorava azeitonas.Era o nosso momento.Nossa cumplicidade.Quando minha vó morreu eu já estava crescida.E não fui ao enterro-NÃO VOU A ENTERROS- e 15 anos depois ainda acho que ela não se foi.Para amenizar a saudade,finjo que ela continua lá,fazendo suas empadinhas,e que eu,ocupada como sou,apenas não tenho tempo de visitá-la...Dói menos assim

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